SOLAR CAPITAL de Hugo de Almeida Pinho
Curta-metragem
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Cruzando exercícios experimentais com práticas documentais, o filme Solar Capital aborda as complexidades envolvidas no capitalismo solar e nas políticas de (in)visibilidade que moldam a nossa relação histórica e contemporânea com a energia do sol, e as suas diferentes realidades críticas.
Condenando uma forma de heliocentrismo que desenvolve procedimentos de marginalidade e de apropriação, este filme cria um paralelo entre formas contemporâneas que ligam o humano, o sol, a tecnologia e o cinema. Neste sentido, Solar Capital será constituído por filmagens realizadas em diferentes locais, como as controversas estruturas da energia solar na região marroquina de Ouarzazate; o “maior sol artificial do mundo” criado pela empresa alemã Synlight; ou, o Observatório Geofísico e Astronómico da Universidade de Coimbra, onde se realiza uma monitorização diária do sol para antecipar a ocorrência de explosões solares que possam afetar a utilização da nossa tecnologia quotidiana. Estes locais têm também como elemento comum o facto de utilizarem elementos ligados a dispositivos ópticos do cinema e da fotografia, fazendo com que o filme realize uma mise en abyme fílmica sobre as relações entre a luz, o sol e o cinema. Por outro lado, as filmagens realizadas nestes locais irão dialogar com um conjunto heterógeno de imagens de arquivo sobre o sol, convocando uma perspetiva histórica alargada que contextualiza uma contínua atração humana face à estrela solar.
Partindo deste enquadramento, o filme aborda a ideia de um ‘capital’ solar – a essencialidade do sol em diversas esferas energéticas, ecológicas e tecnológicas, pretendendo portanto ser uma obra ensaística e experimental sobre imaginários sociais, ecológicos e políticos que o sol exprimiu e determina hoje para o presente e para o futuro.