A TERCEIRA METADE de Mónica de Miranda
Ficção
-
‘A Terceira Metade’ conta a viagem de uma jovem que percorre o deserto e que a partir da sua relação com as Mirabilis, plantas milenares do sul de Angola, ausculta o cosmos.
Escuta os mais velhos, a terra, a água, o fogo e o ar.
A seca chama a chuva, as cinzas mostram o caminho, as plantas falam-lhe das histórias da colonização, do início do mundo (quando o deserto ainda era mato), e havia árvores e flores. A jovem procura saber o paradeiro da água e procura esse universo percorrendo ruínas coloniais agora sepultadas pelo tempo.
Os elementos representam géneros: o fogo, o masculino; a água, o inconsciente, o emocional e o feminino. A morte encontra a direção para a vida, a vida cíclica. Morte e vida são aqui parte do mesmo, as plantas morrem e nascem num ciclo infinito que não espera por um fim para renascer.
‘A Terceira Metade’ considera as plantas como testemunhas, agentes e atores da história - ligando natureza e seres humanos, medicina rural, tradição e modernidade - através de diferentes histórias e sistemas de conhecimento, com uma variedade de poderes curativos e espirituais. As plantas aqui tornam-se protagonistas e contam-nos histórias a vários tempos.
As plantas abrem-nos para cosmologias de outros tempos que procuram o agora.