Sombra Branca 1

Sombra Branca

de Susana de Sousa Dias
Documentário, em pós-produção
Apoio ICA e RTP

Sombra Branca tem como ponto de partida os álbuns de fotografias da família de Laura e Jaime Serra, antigos clandestinos dos tempos da ditadura. Durante os 27 anos em que viveram sob identidades falsas, tiveram quatro filhos. O seu dia a dia está bem documentado nas imagens. Tudo seria normal, não fosse o paradoxo: como ditavam as regras, esta família não devia ser fotografada. Tratando-se de clandestinos, a simples existência de uma imagem podia arruinar todo o disfarce. Dentro deste paradoxo, contudo, esconde-se um outro: estas são imagens que nos mostram uma família convencional, feliz e unida, dentro dos moldes ditados pelos costumes e pelos tradicionais clichés de representações familiares dos anos 50 e 60.
E no entanto, nada podia estar mais longe da realidade.
Mergulhada na clandestinidade devido à ditadura, a família viu-se várias vezes separada. Momentos houve em que os filhos já não reconheciam sequer o rosto dos pais. Só após a revolução do 25 de Abril, se puderam reencontrar, todos, simultaneamente, no mesmo espaço.
Nada disso nos mostram os álbuns de família. Na verdade, sabemos hoje bem o que nos escondem estas imagens. Mas o que nos revelam elas, afinal?
A partir das imagens e do discurso fotográfico que lhes está subjacente, Sombra Branca procura reflectir sobre a condição da clandestinidade e o papel da imagem como mediação entre a «realidade real» e a «realidade construída», assim mesmo designadas por José, filho de Laura e Jaime.

Retrato da realizadora Susana Sousa Dias.

Susana de Sousa Dias nasceu em Lisboa, em 1962. Tem um Doutoramento em Belas-Artes (Audiovisuais), um mestrado em Estética e Filosofia de Arte, uma licenciatura em Pintura e um bacharelato em Cinema. Estudou música no Conservatório Nacional. Entre os seus trabalhos, contam-se “Natureza Morta – Visages d’une dictature”; (2005,Prémio Atalanta, Prémio de Mérito, TaiwanIDF), “48” (2009, Grand Prix Cinéma du Réel, prémio FIPRESCI, entre outros), Natureza Morta | Stilleben (instalação, 2010) e “Luz Obscura” (2017). Fordlandia Malaise (2019) é o seu filme mais recente.Os seus trabalhos foram exibidos em festivais de cinema e exposições de arte internacionais (Berlinale, Viennale, Visions du Réel, Sarajevo IFF, Torino FF, PhotoEspaña, Documenta, etc.). Em 2012 recebeu um tributo do Cinéma du Réel e foi artista convidada do Robert Flaherty Film Seminar, Nova Iorque. Nesse mesmo ano formou um colectivo que dirigiu o Doclisboa, Festival Internacional de Cinema por duas edições consecutivas (2012-2013). É professora na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa.

Sinopse

Sombra Branca tem como ponto de partida os álbuns de fotografias da família de Laura e Jaime Serra, antigos clandestinos dos tempos da ditadura. Durante os 27 anos em que viveram sob identidades falsas, tiveram quatro filhos. O seu dia a dia está bem documentado nas imagens. Tudo seria normal, não fosse o paradoxo: como ditavam as regras, esta família não devia ser fotografada. Tratando-se de clandestinos, a simples existência de uma imagem podia arruinar todo o disfarce. Dentro deste paradoxo, contudo, esconde-se um outro: estas são imagens que nos mostram uma família convencional, feliz e unida, dentro dos moldes ditados pelos costumes e pelos tradicionais clichés de representações familiares dos anos 50 e 60.
E no entanto, nada podia estar mais longe da realidade.
Mergulhada na clandestinidade devido à ditadura, a família viu-se várias vezes separada. Momentos houve em que os filhos já não reconheciam sequer o rosto dos pais. Só após a revolução do 25 de Abril, se puderam reencontrar, todos, simultaneamente, no mesmo espaço.
Nada disso nos mostram os álbuns de família. Na verdade, sabemos hoje bem o que nos escondem estas imagens. Mas o que nos revelam elas, afinal?
A partir das imagens e do discurso fotográfico que lhes está subjacente, Sombra Branca procura reflectir sobre a condição da clandestinidade e o papel da imagem como mediação entre a «realidade real» e a «realidade construída», assim mesmo designadas por José, filho de Laura e Jaime.

Susana de Sousa Dias
Retrato da realizadora Susana Sousa Dias.

Susana de Sousa Dias nasceu em Lisboa, em 1962. Tem um Doutoramento em Belas-Artes (Audiovisuais), um mestrado em Estética e Filosofia de Arte, uma licenciatura em Pintura e um bacharelato em Cinema. Estudou música no Conservatório Nacional. Entre os seus trabalhos, contam-se “Natureza Morta – Visages d’une dictature”; (2005,Prémio Atalanta, Prémio de Mérito, TaiwanIDF), “48” (2009, Grand Prix Cinéma du Réel, prémio FIPRESCI, entre outros), Natureza Morta | Stilleben (instalação, 2010) e “Luz Obscura” (2017). Fordlandia Malaise (2019) é o seu filme mais recente.Os seus trabalhos foram exibidos em festivais de cinema e exposições de arte internacionais (Berlinale, Viennale, Visions du Réel, Sarajevo IFF, Torino FF, PhotoEspaña, Documenta, etc.). Em 2012 recebeu um tributo do Cinéma du Réel e foi artista convidada do Robert Flaherty Film Seminar, Nova Iorque. Nesse mesmo ano formou um colectivo que dirigiu o Doclisboa, Festival Internacional de Cinema por duas edições consecutivas (2012-2013). É professora na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa.